Hoje é um dia de saudade. Saudade da minha velhinha que se foi há exatamente sete meses. E é assim todo dia 31. Fico eu a pensar que poderia ter dito o quanto a amava, que ela era sim importante, era um ‘porto seguro’. Mesmo com todos os nossos desentendimentos (o que é normal entre avó e neta adolescente) ela me passava tamanha segurança. Algo que eu já não sinto tanto. E, se ela estivesse aqui, tanta coisa não teria acontecido. Está tudo pelo avesso. Tive que alçar novos vôos, novas responsabilidades... Cada um da família indo pra um lado. Já não é mais a mesma coisa. Sexta-feira Santa é dia de almoçar todo mundo junto. E cadê ela?! Cadê aquela velhinha que unia todos e nos fazia dar risada? Aquela que achava lindo ver todo mundo reunido, que ‘babava‘ os netos, fazia comidinhas deliciosas. É... A vida tem dessas coisas. Precisamos mesmo perder algo ou alguém pra darmos valor. Hoje eu sei o quanto isso é verdade. Essa perda me faz aprender cada dia mais. Os meus pensamentos estão a mil. O medo é constante. Medo de não conseguir tudo o que quero, de dar tudo errado, de me distanciar cada vez mais da família. Eu sei que ninguém fica nesse mundo pra sempre e que nada é por acaso. Mas bem que ela poderia ficar um pouco mais. Poderia ver ao menos algumas das minhas vitórias. Chegar em casa e não tê-la por perto pra falar como foi o meu dia é algo terrível pra mim. Antes, quando eu chegava da rua, estava ela sentada no sofá da sala, me ouvia, dávamos risadas, eu fazia o leitinho dela e, na hora de dormir, a pegava pela mão, levava até o quarto e dava ‘boa noite’. Mas é isso mesmo. Talvez isso seja necessário pra eu aprender a tomar decisões de ‘gente grande’.
“Me olha da onde estiver
Que eu vou te mostrar que eu tô pronta
Me colha madura do pé
Me mostre um caminho agora
Um jeito de estar sem você
O apego não quer ir embora
Diaxo, ele tem que querer”